segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Corredor se nega a vencer prova após líder parar antes da chegada - O Corretor Corredor

Favorito, o medalhista olímpico dispara e tem a vitória assegurada na corrida. Mas para no lugar errado, achando que alcançou a linha de chegada. O segundo colocado se aproxima e, ao invés de ultrapassá-lo, alerta o líder sobre o equívoco e o conduz para confirmar sua vitória.

Parece filme com enredo irreal e até piegas. Ainda mais no competitivo mundo do esporte de alto rendimento. Mas essa história, ocorrida no dia 02/01/2013, continua sendo exaltada no noticiário e nas redes sociais.

Correndo diante de sua torcida, o vencedor do ano passado, o espanhol Iván Fernández Anaya (24) negou-se a conquistar a prova de cross country de Burlada, em Navarra.

Sua vaidade sucumbiu ao espírito esportivo, e ele preferiu manter o curso normal da competição, com triunfo do queniano Abel Kiprop Mutai, que havia conquistado o bronze nos 3.000 m com obstáculos em Londres-2012.

"Eu não merecia ganhá-lo. Fiz o que tinha que fazer", afirmou Fernández em declaração reproduzida pelo jornal 'El País', da Espanha, nesta sexta-feira. "Ele era o justo vencedor, me impôs uma distância que eu já não podia ter superado se não se equivoca. Desde que vi que ele parou, eu sabia que não ia passá-lo".


Neste sábado, em seu blog, Fernández comentou a repercussão de sua atitude, que continua sendo elogiada duas semanas depois.

"Hoje está sendo um dia especial para mim, ou melhor, muito especial, nunca pude pensar que meu gesto com Mutai chegaria aonde está chegando. Estou em uma autêntica nuvem, são muitos os comentários, entrevistas, reportagens sobre o sucedido. Queria agradecê-los por tudo o que vocês fizeram por mim", escreveu.

No dia seguinte à prova, ele descreveu no seu blog os momentos da reta de chegada.

"A 100 m do fim, vejo que Mutai começa a saudar o público e vai freando. As pessoas ali presentes, ao ver que eu chegava, gritam para ele, porém Mutai não entende nada. Eu não dava crédito, pois só havia um arco de chegada. Quando cheguei até ele, coloquei a mão na suas costas e lhe disse que a meta estava mais adiante. Ele não me entende, logicamente, e decido ir com ele até a chegada", disse.

Antes mesmo de ser enaltecido na mídia, ele já se mostrava satisfeito. "Muito contente com as sensações obtidas e por ter podido estar lado a lado com um fora de série como Abel Mutai, muito bom atleta e melhor pessoa", acrescentou.

Técnico não teria mesmo gesto

Dono de dois diplomas de curso superior e em busca do terceiro em mecatrônica, Fernández é treinado pelo ex-campeão mundial e medalhista olímpico Martín Fiz.

"Foi um gesto de honradez muito bom", declarou o técnico a 'El País'. "Um gesto dos que já não se fazem. Melhor dizendo, dos que nunca foram feitos. Eu mesmo não o teria feito", admitiu. "Isso lhe fez ser melhor pessoa, porém não melhor atleta".

"Não havia nada em jogo, tampouco muito dinheiro, exceto poder dizer que havia derrotado um medalhista olímpico", afirmou Fernández a 'El País'. Ele reconheceu que, numa competição relevante, teria outro comportamento.

"Outra coisa, claro, seria se, em disputa, houvesse uma medalha de Mundial ou de Europeu. Então, acho que sim, eu teria aproveitado para ganhar Mas também creio que deu mais nome ter feito o que fiz do que se tivesse ganhado. E isso é muito importante porque, hoje em dia, tal como as coisas estão em todos os ambientes, no futebol, na sociedade, na política, onde parece que vale tudo, um gesto de honradez vem muito bem", opinou.


Fonte: Folha de São Paulo 


Outra versão para o mesmo fato:

"O atleta queniano, Abel Mutai, medalha de ouro nos 3.000 m com obstáculos por quatro meses em Londres, estava prestes a ganhar a corrida quando, ao entrar em uma pista onde acreditava que o final tinha chegado, relaxou o ritmo e começou a cumprimentar o público, acreditando que tinha vencido a prova. O segundo colocado, logo atrás, Ivan Fernandez Anaya, vendo que ele estava errado e parava a 10 metros antes da bandeira da chegada, não quis aproveitar a oportunidade para acelerar e vencer. Ele permaneceu às suas costas, e gesticulando para que o queniano compreendesse a situação e quase empurrando-o levou-o até o fim, deixando-o vencer a prova como iria acontecer se ele não tivesse se engado sobre o percurso.
Ivan Fernandez Anaya, um jovem corretor de 24 anos que é considerado um atleta de muito futuro (campeão da Espanha nos 5.000 metros, na categoria há dois anos) ao terminar a prova, disse: "Ainda que tivesse me dito que ganharia uma vaga na Seleção espanhola para disputar o Campeonato Europeu, eu não teria me aproveitado . Acho que é melhor o que eu fiz do que se tivesse vencido nessas circunstâncias. E isso é muito importante, porque hoje, como estão as coisas em toda sociedade, no futebol, no sociedade, na política, onde parece que vale tudo, um gesto de honestidade vai muito bem. "




6 comentários:

  1. Parabéns pelo post. Que atitude honrosa de Fernández, isso faz engrandecer mais ainda nosso esporte. Correr não é só para ganhar prêmios ou subir no pódio, mas também, de gestos de humildade e companheirismo. Att. Cláudio

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    1. YES !!!
      Isto me fez lembrar o velho ditado que diz:
      "O importante não é vencer e sim competir"
      um abraço do
      O Corretor Corredor

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  2. Há alguns disas eu qeria escrever sobre um caso na São Silvestre em que aconteceu isso, o lider errou o percurso e acabou sendo ultrapassado, mas não encontrei informações a respeito.
    Parabéns pela informação.
    Sucesso!

    Corridas do Luizz

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    1. Também m e recordo deste fato na São Silvestre.
      Pelo visto lá fora também acontecem estes "enganos".

      Vem comigo...
      O Corretor Corredor

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  3. Muito louvável a atitude desse Ivan Fernandez, também faria o mesmo, mas acredito que outro atleta não faria isso não...Corretor parabéns por nos manter informado.
    Bons treinos,

    Jorge Cerqueira
    www.jmaratona.com

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    1. YES !!!
      Sei muito bem que você, eu e tantos outros fariam o mesmo que ele fez, mas sempre tem aquele que gosta de usar a "Lei de Gerson" e levar vantagem em tudo.
      O que é bom tem que ser compartilhado.

      Um abraço do seu amigo
      O Corretor Corredor

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